sábado, 5 de março de 2011

A Garota dos Olhos de Mel

Um dia eu encontrei, no espelho; a figura de uma garota bonita, que me fitava com grandes e profundos olhos que tinham a cor do mel.
Que beleza eram aqueles olhos! Divinamente perfeitos. Mas eu cstumava encontrá-la, carregando nos belos olhos, uma certa tristeza.
Era uma tristeza profunda, que nem mesmo ela reconhecia, às vezes. Parecia carregar cicatrizes de duras lutas e provações, nos olhos que me fitavam, naqueles instantes fugazes.
Havia uma certa doçura em seu ar de tristeza... Em seus olhos, se refletia a imagem do cordeiro, que sabe que vai ser sacrificado e espera, resignado, pela sua sentença de morte.
Eu não conseguia ver nada nela; os longos cabelos escorridos não prendiam minha atenção; nada se comparava ao fascínio exercido pelos olhos de mel.
Vez ou outra, ela esboçava um sorriso... e eu via vida em seus olhos, que sorriam com seus lábios. Que eram incríveis, quando sorriam!
Mas em geral, os olhos buscavam os meus e os fitavam, e ela nem se movia. Parecia examinar a tristeza profunda nos olhos, que ficava escondida em sua expressão de aparente seriedade.
As longas pestanas piscavam, as pupilas não desviavam sua atenção. O calor líquido natural dos belos olhos era esfriado, por aquela expressão de tristeza.

'Que garota solitária!' - pensava eu.

Mas eu sabia que ela gostava de me olhar. Eram instantes preciosos.
Pois ninguém entendia, a tristeza que carregava nos olhos, a doce garota do espelho, a garota dos olhos de mel.







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